O cinema como ferramenta de redução de danos é uma das estratégias presentes na ação do Programa Corra pro Abraço, da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), junto às populações urbanas vulneráveis de Salvador. O Corra trabalha com um conceito ampliado de Redução de Danos, onde a arte, a comunicação e a subjetividade dos sujeitos são aspectos centrais para a produção dos vínculos que asseguram a garantia de direitos.
No primeiro trimestre de 2022, o Programa, que sempre teve o audiovisual em suas ações nos territórios, especialmente com as formações em Educomunicação para a juventude assistida, intensificou a interlocução com o cinema a partir de diferentes frentes. Uma parceria com o Programa de Extensão Pega Visão, da Universidade Federal da Bahia, proporcionou que pessoas acompanhadas pelo Corra pudessem assumir autoria e protagonismo sobre suas próprias histórias de resistência no enfrentamento aos desafios da pandemia. O processo criativo resultou na produção de dois filmes de curta-metragem, que serão lançados ainda no mês de Abril.
“O audiovisual é mais um vetor de divulgação da Redução de Danos enquanto uma estratégia de cuidado bem sucedida no campo das políticas sobre drogas. Visto que é uma ferramenta recente no Brasil, é preciso construir um caminho de ampliar as informações que contribuam para sua consolidação”, afirma Frank Ribeiro, coordenador geral do Programa.
Outro marco importante é a gravação do primeiro documentário institucional do Corra pro Abraço. O filme, realizado em parceria com a Saturnema Filmes, produtora independente de protagonismo negro, vai contar a história dos quase nove anos do Corra, bem como compartilhar as metodologias, estratégias de trabalho e narrativas das pessoas que passaram pelo Programa.
“O documentário surge como uma estratégia de levar a tecnologia do Corra para mais lugares, além de assegurar sua memória neste suporte audiovisual que muitas vezes é mais acessível do que a linguagem escrita. Estamos com uma grande expectativa de que o filme seja também um conteúdo de referência sobre as práticas de Redução de Danos na Bahia”, explica Bruna Rocha, assessora de Comunicação do Corra.
O cinema também está pulsante no trabalho de campo nos territórios e no curso de Redução de Danos e Referência de Campo, que forma anualmente novos redutores em Salvador. A Unidade de Apoio na Rua (UAR) da Ladeira da Fonte das Pedras está com uma programação semanal de cineclube, com a realização de debates e oficinas a partir da exibição de filmes. Só neste ano já aconteceram a exibição de cinco obras: Capitães de Areia; A negação do Brasil; A loucura entre nós; Que horas ela volta e o documentário Axé.
O “Cinema da Extensão” é a experiência de levar filmes para territórios acompanhados pela equipe de extensão do Programa. Já aconteceram algumas exibições no território do Pela Porco, com obras sempre escolhidas em diálogo com o público assistido. Neste ano, a atividade passou a acontecer na sede, com a exibição dos filmes “Viúva Negra” e “Rambo”. “A estratégia do cinema tem sido muito importante em nosso trabalho no Pela Porco e estamos avaliando estender para outros territórios da Extensão, como o Comércio e o Gravatá”, afirmou Cecília Mota, psicóloga do Corra.
Uma articulação institucional com a Diretoria de Audiovisual da Fundação Cultural do Estado da Bahia também está em curso para a realização de ações de acesso aos equipamentos culturais relacionados ao audiovisual baiano, como a Sala Walter da Silveira e a Cinemateca da Bahia, para pessoas em situação de rua e jovens de bairros periféricos.