‘O que é ser um usuário?’: alunos do curso de Redução de Danos discutem tipos e padrões de uso

Psicóloga e doutora em Antropologia, Débora Ferraz ministrou a atividade

Feche os olhos, depois pegue um papel e desenhe a sua resposta: o que é ser um usuário de drogas ilícitas? Foi com esse questionamento que a psicóloga e mestre em Antropologia pela Ufba, Débora Ferraz, abriu a aula da terceira turma do Curso de Redução de Danos oferecido pelo Programa Corra Pro Abraço, da secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), na manhã de quarta-feira (20).

A aula foi marcada por muitos depoimentos fortes e pessoais, com um rico debate sobre os fatores que fazem com que uma pessoa se torne dependente de substâncias psicoativas e de que maneira o contexto socioeconômico em que a pessoa está envolvida pode potencializar eventuais sofrimentos e dificuldades em suas vidas.

“Ás vezes o problema não é a substância e sim o contexto onde a pessoa está inserida. Há uso recreativo, abusivo, indevido, ritualístico e os padrões de uso falam quando a pessoa começa a ter prejuízo social em função do uso abusivo”, disse Débora Ferraz.

Débora Ferraz ministrou a terceira aula do curso (Foto: Ascom\Divulgação)

Segundo a psicóloga, a ideia da atividade era mostrar que o problema não são as drogas ilícitas em si, mas o contexto de condições que levam, ou não, a situações de abuso e sofrimento: problemas sociais como o racismo e a própria desigualdade em si podem tornar a experiência dos usuários mais danosas.

A turma é formada por 12 cursistas, que apresentaram desenhos diversos e várias palavras-chave que dialogam com o que foi apresentado por Débora e ajudaram a fomentar o debate em cima do tema apresentado.

Supervisora de campo do Programa, a psicóloga Emanuelle Teixeira afirmou que esse tipo de tema suscita experiências individuais e acabam caindo no campo da moralidade. No entanto, para superar o estigma, é importante que os participantes do curso se sintam à vontade para falar das próprias experiências e, aos poucos, se abrirem para os conceitos da redução de danos.

“Na aula passada falamos de socioantropologia das drogas. A turma está começando agora e é importante isso aparecer. Temos um cronograma a cumprir e entendemos que a redução de danos atravessa qualquer tema”, explicou Emanuelle Teixeira.

O curso de Redutores de Danos e Referência de Campo é uma estratégia do Corra pro Abraço lançada em 2015 com objetivo de ampliar as práticas de redução de risco e danos sociais e à saúde entre usuários de drogas que vivem em contexto de rua por meio de metodologias leves e libertadoras. As aulas desta turma foram iniciadas no dia 15 de Setembro e a duração é de 5 meses.

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